terça-feira, 24 de junho de 2014

A CONSTRUÇÃO DO LIBERALISMO EM PORTUGAL: ANTECEDENTES E DIFICULDADES


D Isabel Vargues e Luís Reis Torgal, «Da revolução à contra-revolução: vintismo, cartismo, absolutismo. O exílio político», in José Mattoso (dir.), História de Portugal, vol. 5, Lisboa, Círculo de Leitores, 1993, p. 82 (adaptado)

A CONSTRUÇÃO DO LIBERALISMO EM PORTUGAL: ANTECEDENTES E DIFICULDADES


In António Pires Nunes, «A Primeira Invasão Francesa», in Manuel Themudo Barata e Nuno Severiano Teixeira (dir.), Nova História Militar de Portugal, vol. 3, Lisboa, Círculo de Leitores, 2004, p. 44

AS SOCIEDADES DE ANTIGO REGIME: ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL, PODER POLÍTICO E DINÂMICAS ECONÓMICAS

AS SOCIEDADES DE ANTIGO REGIME: ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL, PODER POLÍTICO E DINÂMICAS ECONÓMICAS
Memórias de um membro* do primeiro Conselho reunido por Luís XIV (Vincennes, 1661)
 Nós éramos oito, a saber: o senhor chanceler, o senhor superintendente, meu pai [secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros], o senhor de Lionne, o senhor de La Vrillière, o senhor du Plessis-Guénégaud, o senhor Le Tellier e eu*. O rei descobriu-se e voltou a pôr o seu chapéu. Mantendo-se de pé diante da sua cadeira, dirigiu a palavra ao senhor chanceler: – Senhor, mandei-vos reunir com os meus ministros e secretários de Estado para vos dizer que, até agora, me aprouve deixar governar os meus negócios pelo falecido senhor cardeal [Mazarino]; é tempo de ser eu próprio a governá-los. Vós me ajudareis com os vossos conselhos, quando vo-los pedir. Excetuando o uso corrente do selo, em que nada pretendo mudar, peço-vos e ordeno-vos, senhor chanceler, que nada seleis por ordem que não seja minha e sem me terdes falado no caso, salvo se um secretário de Estado vos levar [os documentos] da minha parte. […] Em seguida, o rei voltou-se para nós e disse-nos: – E vós, meus secretários de Estado, proíbo-vos de assinar seja o que for, nem que seja um salvo-conduto ou passaporte, sem minha ordem, e [ordeno-vos] que me presteis contas, a mim próprio, diariamente, [dos assuntos a cargo]. […] E a vós, senhor superintendente, já vos expliquei as minhas vontades; peço-vos que vos sirvais de Colbert, que o falecido senhor cardeal me recomendou. […] Depois o rei acrescentou: – A face do teatro muda. No governo do meu Estado, na administração das minhas finanças e nas negociações diplomáticas, terei outros princípios, diferentes dos do falecido senhor cardeal. Sabeis as minhas vontades, resta-vos agora, senhores, executá-las. Mais não disse, e o Conselho separou-se. Ao sair deste primeiro Conselho, no qual Sua Majestade começou verdadeiramente a governar o Estado por si mesmo, fui a correr assistir ao acordar da rainha-mãe. 

* Louis-Henri de Loménie, conde de Brienne, secretário de Estado adjunto dos Negócios Estrangeiros de 1658 a 1663.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

PROGRAMA : MÓDULO 4-5-6

Conteúdos programáticos do 11.º ano

Eis os conteúdos programáticos do 11.º ano que fazem parte do Programa de História A, organizados em módulos, e que serão objeto explícito de avaliação no exame nacional, a par dos de 12.º ano.
 Os conteúdos a negrito são de aprofundamento.
Módulo 4 – A Europa nos séculos XVII e XVIII – sociedade, poder e dinâmicas coloniais (Vol.1)
  1. População da Europa nos séculos XVII e XVIII: crises e crescimento
2. Europa dos Estados absolutos e a Europa dos parlamentos
2.1. Estratificação social e poder político nas sociedades de Antigo Regime
A sociedade de ordens assente no privilégio e garantida pelo absolutismo régio de direito divino. Pluralidade de estratos sociais, de comportamentos e de valores. Os modelos estéticos de encenação do poder.         
- Sociedade e poder em Portugal: preponderância da nobreza fundiária e mercantilizada. Criação do aparelho burocrático do Estado absoluto no século XVII. O absolutismo joanino.
2.2. A Europa dos parlamentos: sociedade e poder político
- Afirmação política da burguesia nas Províncias Unidas, no século XVII. Grotius e a legitimação do domínio dos mares.
- Recusa do absolutismo na sociedade inglesa; Locke e a justificação do parlamentarismo.
3. Triunfo dos Estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII
3.1. O reforço das economias nacionais e tentativas de controlo do comércio.Reforço das economias nacionais: o Mercantilismo em França e o sistema mercantil em Inglaterra. O equilíbrio europeu e a disputa das áreas coloniais.
3.2. A hegemonia económica britânica: condições de sucesso e arranque industrial (os progressos agrícolas; o crescimento demográfico e a urbanização; a criação de um mercado nacional; o alargamento do mercado externo; o sistema financeiro. O arranque industrial (o setor algodoeiro; a metalurgia; a força do vapor; um tempo de mudança.
3.3. Portugal – dificuldades e crescimento económico
Da crise comercial de finais do século XVII à apropriação do ouro brasileiro pelo mercado britânico (o surto manufatureiro; a inversão da conjuntura e a descoberta do ouro brasileiro; a apropriação do ouro brasileiro pelo mercado britânico).
A política económica e social pombalina. A prosperidade comercial de finais do século XVIII.
4. Construção da modernidade europeia
4.1. O método experimental e o progresso do conhecimento do homem e da natureza.
4.2. A filosofia das Luzes: apologia da razão, do progresso e do valor do indivíduo; defesa do direito natural, do contrato social e da separação dos poderes.
4.3. Portugal - o projeto pombalino de inspiração iluminista: modernização do Estado e das instituições; ordenação do espaço urbano; a reforma do ensino.
Módulo 5 – O Liberalismo – Ideologia e Revolução, modelos e práticas nos séculos XVIII e XIX (Vol.2)
1. A revolução americana, uma revolução fundadora
- Nascimento de uma nação sob a égide dos ideais iluministas.
2. A revolução francesa – paradigma das revoluções liberais e burguesas
2.1. A França nas vésperas da revolução.
2.2. Da Nação soberana ao triunfo da revolução burguesa: a desagregação da ordem social de Antigo Regime; a monarquia constitucional; a obra da Convenção; o regresso à paz civil e a nova ordem institucional e jurídica.
3. A geografia dos movimentos revolucionários na primeira metade do século XIX: as vagas revolucionárias liberais e nacionais.
4. A implantação do liberalismo em Portugal
4.1. Antecedentes e conjuntura (1807 a 1820).
4.2. A revolução de 1820 e as dificuldades de implantação da ordem liberal (1820-1834); precariedade da legislação vintista de caráter socioeconómico; desagregação do império atlântico. Constituição de 1822 e Carta Constitucional de 1826.
4.3. O novo ordenamento político e socioeconómico (1834-1851): importância da legislação de Mouzinho da Silveira e dos projetos setembrista e cabralista.
5. O legado do liberalismo na primeira metade do século XIX
5.1. O Estado como garante da ordem liberal; a secularização das instituições; o cidadão, ator político. O direito à propriedade e à livre iniciativa. Os limites da universalidade dos direitos humanos: a problemática da abolição da escravatura.
5.2. O romantismo, expressão da ideologia liberal: revalorização das raízes históricas das nacionalidades; exaltação da liberdade; a explosão do sentimento nas artes plásticas, na literatura e na música.
Módulo 6 – A civilização industrial – economia e sociedade; nacionalismos e choques imperialistas (Vol.3)
1. As transformações económicas na Europa e no Mundo
1.1.  A expansão da revolução industrial
- Novos inventos e novas fontes de energia; a ligação ciência-técnica.
Concentração industrial e bancária; racionalização do trabalho.
1.2.  A geografia da industrialização
- A hegemonia inglesa. A afirmação de novas potências; a permanência de formas de economia tradicional.
1.3.  A agudização das diferenças
A confiança nos mecanismos autorreguladores do mercado. As crises do capitalismo.
O mercado internacional e a divisão internacional do trabalho.
2. A sociedade industrial e urbana
2.1. A explosão populacional; a expansão urbana e o novo urbanismo; migrações internas e emigração.
2.2. Unidade e diversidade da sociedade oitocentista
- A condição burguesa: proliferação do terciário e incremento das classes médias; valores e comportamentos.
- A condição operária: salários e modos de vida. Associativismo e sindicalismo; as propostas socialistas de transformação revolucionária da sociedade.
3. Evolução democrática, nacionalismo e imperialismo
3.1. As transformações políticas
A evolução democrática do sistema representativo; os excluídos da democracia representativa.
- As aspirações de liberdade nos Estados autoritários e os movimentos de unificação nacional.
3.2. Os afrontamentos imperialistas: o domínio da Europa sobre o Mundo.
4. Portugal, uma sociedade capitalista dependente
A Regeneração entre o livre-cambismo e o protecionismo (1850-80): o desenvolvimento de infraestruturas; a dinamização da atividade produtiva; a necessidade de capitais e os mecanismos da dependência.
Entre a depressão e a expansão (1880-1914): a crise financeira de 1880-90 e o surto industrial de final de século.
As transformações do regime político na viragem do século: os problemas da sociedade portuguesa e a contestação da monarquia; a solução republicana e parlamentar – a Primeira República.
5. Os caminhos da cultura
A confiança no progresso científico; avanço das ciências exatas e emergência das ciências sociais. A progressiva generalização do ensino público.
O interesse pela realidade social na literatura e nas artes – as novas correntes estéticas na viragem do século.
Portugal: o dinamismo cultural do último terço do século.